Gurias,
Com o tempo vocês vão perceber que tenho uma
tendência a escrever sobre tudo aquilo que desconforta, alfineta e que por isso
nem todo mundo gosta de abordar. Pois bem, no último domingo fui no cinema assistir ao filme "O lado bom da vida", que rendeu o Oscar de melhor atriz à Jennifer Lawrence. Trata-se de uma
encantadora comédia dramática sobre duas pessoas com transtornos emocionais,
cada qual com seus problemas psicológicos e características específicas.
O
filme é encantador, as atuações são fantásticas, o pai do protagonista, um
jogador compulsivo portador de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) é representado por nada mais que Robert De Niro, em uma performance incrível. O filme
reforça minha opinião sobre o universo emocional do ser humano como um todo.
Explico.
Sempre desconfiei de gente normal demais. Gente que é feliz
o tempo inteiro me assusta. Aquela cara de paisagem persistente, com música de
propaganda de margarina ao fundo... Obviamente que todos fantasiamos uma vida
perfeita, mas quem vive a realidade sabe que não será assim diariamente, ao
longo de, sei lá, 50 anos!
No filme, o protagonista é internado em uma clínica
psiquiátrica após uma crise nervosa desencadeada pelo fato de ter flagrado sua
esposa o traindo. Na vida real, o gatilho pode ser a perda de um familiar, uma
crise financeira séria, um divórcio, a morte do animal de estimação, uma
demissão, uma desilusão (ninguém pode medir a dor do semelhante). O fato é que
o castelo desaba e o indivíduo perde as estribeiras e o juízo. A confusão está armada! O que fazer com ele?
Conversar, mas ele não entende, está obcecado.
No filme, pela ideia de retomar
o casamento, nas crises reais, cada um fica obcecado pelo objeto que
perdeu. Cada um à sua maneira, eventualmente
com ajuda profissional e sempre com a contribuição familiar, o “transtornado”
vai enfrentando seus fantasmas, passando pelos estágios de sua crise,
enxergando as coisas mais claramente,
até que um dia, surpresa! Passou! E ele, ou ela, não apenas sobreviveu, mas
amadureceu, ficou melhor, porque entendeu que o segredo da vida não é a
felicidade como sempre nos ensinaram. O segredo da vida é o equilíbrio.
Por essas e outras, me sinto incomodada com o
comportamento recorrente do ser humano, mesmo que seja cultural... Quando
pessoas que se conhecem, ficam paradas
em algum lugar como a manicure ou a fila da padaria e aproveitam aquela
oportunidade para trocar impressões sobre a traição sofrida pelo fulano, ou a
crise enfrentada pelo beltrano. Parece clichê falar de fofoca e nem é isso que
me incomoda, mas a falta de sinceridade das pessoas sobre si mesmas e de
solidariedade com as demais, afinal estou absolutamente certa de que 90%
daquelas já passaram por situação semelhante, mesmo que ninguém saiba.
Enfim, uma passagem do filme para finalizar: a Tiffany diz ao protagonista que talvez eles, com todas as suas características
emocionais, sejam diferentes e vejam coisas que os outros não vêem... Sintam
coisas que os outros não sentem... Marias, queridas... Se isso é não ser
normal, agora tenho certeza de que não sou!
Beijo no coração!
Até a próxima.
Tassi Maria
mais uma vez parabens pelo texto e pelas palavras tassi ta divino diz ai da onde vc tira tanta inspiracao? bjx
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