Vivemos uma civilização bélica, competitiva e destrutiva,
desvinculada da Natureza e da energia do feminino. O Arquétipo do pai
reverencia exclusivamente o principio paterno, suprimindo ou menosprezando o
princípio feminino.
Desde pequena a menina sente o peso da preferência da sociedade
pelos meninos quando o assunto é o desenvolvimento mental e intelectual. O
conceito de que o homem é mais competente está profundamente arraigado dentro
deste modelo de sociedade. Quem acha que isso mudou está enganada,
basta olhar para os salários nos mesmos cargos e ver quem leva a preferência
nos cargos mais altos. Da mesma forma os aspectos femininos como maternidade,
sexualidade entre outros, estão profundamente deturpados.
Algo está em processo de mudança, mas muito lentamente. Existe
ainda muito o que mudar no contexto de nossa civilização. Precisamos de
coerência e muita mudança interna e externa. Além disso, o contexto social
vigente gerou, na psique da mulher, desequilíbrios e perturbações profundas
criando um inconsciente coletivo de inferioridade e de aceitação. Fomos feridas
na nossa essência, destituídas do poder, marginalizadas e muito empobrecidas.
Nossa energia feminina foi fragmentada e nosso poder esmagado. Fomos forçadas a
calar e induzidas a calar as outras mulheres e, pior ainda, defender o machismo
dentro da própria casa.
O princípio feminino está ressurgindo e é importante
compreendermos a natureza e a condição dos arquétipos femininos que estão
despontando no inconsciente coletivo. Mudanças vêm acontecendo movidas por estas
pressões internas e a proposta é darmos vazão a esta energia, curando as chagas
da psique feminina, “as chagas das Deusas feridas em todas nós”.
Bete Maria