Uva, cor, ação e emoção

Foto: Luiz Chaves

A autoestima de muitos dos caxienses natos deve estar bastante elevada a essas alturas. É a festa. Sim, a Festa da Uva. Um evento que muita gente que nasceu em Caxias não dá valor, é verdade, por considerar ser "sempre a mesma coisa". Coisa? Há também grupos liderados por teimosos (que chegam a ser arrogantes nativos de Caxias) que têm a ousadia de questionar o "sentido" da festa. Por todos os imigrantes italianos que ajudaram a colonizar esta cidade (incluindo o meu, o seu bisavô), é, no mínimo, deselegante desmerecer o valor que esta celebração tem. O valor cultural, econômico e, fundamentalmente, sentimental que há por trás de cada ação que se vê na festa. 

"São as nossas raízes que estão em cena", disse com muita propriedade a coreógrafa Margô Brusa, que com sua tradicional escola de dança já participou de oito edições por meio do Corso Alegórico, hoje Desfile Cênico Musical. Até nisso a comissão organizadora deste ano acertou. Sim, mudar o nome de corso ou desfile de carros alegóricos para o "cênico musical". Um desfile que se consagrou como um espetáculo.

E eu que já andei pelos quatro cantos da festa, realizando cobertura jornalística para televisão desde o evento do ano 2000, posso afirmar com tranquilidade e serenidade que esta festa entrou para a história das festas inesquecíveis, por vários aspectos, em vários sentidos.

E foi ela, a Festa da Uva, que nada mais é do que uma homenagem clara e declarada aos agricultores, aos homens e às mulheres visionários desta terra, que me deu a oportunidade de trabalhar para a redação de um jornal impresso, nesta edição de 2012, depois de muitos anos na mídia eletrônica.

Fiz quatro reportagens para o jornal O Sul. Um trabalho que, além de ter sido prazeroso (sim, muito prazer eu valorizo a Festa da Uva), contribuiu para que eu exercitasse a minha boa autoestima escrevendo para um dos maiores jornais do Rio Grande do Sul, e sobre um assunto pelo qual eu nutro o maior respeito.

Sem contar o fato histórico de que foi aqui, em Caxias do Sul, a primeira transmissão em cores da televisão brasileira, no então desfile de carros alegóricos da Festa Nacional da Uva de 1972. Então, você acredita no ponto de vista de que a festa não faz sentido?

Gabi Maria