quinta-feira, 17 de março de 2016

Entre o discurso e a ação



Estava lá a mulher e o menino de cinco ou seis aninhos, debaixo de uma marquise estreita esperando a chuva passar. Saiam de uma Festa Junina, daquelas de Colégio, meio sem graça, meio sem música, com muita gritaria e pescaria de badulaques.
Chovia forte e os dois querendo ir pra casa, naquele vai não vai, debaixo da marquise. Só observando "a correnteza". Um aguaceiro enorme que corria para o bueiro. 


Até que viram uma garrafa pet. A mulher já começou a balançar a cabeça negativamente. Como quem diz "mais um lixo que vai pro bueiro...Por que as pessoas não cuidam? Não tratam com respeito o lugar onde vivem" e outros blá, blá, blás... 

Num rompante, o menino (que não tinha cara de estar pensando em nada) , soltou a mão da mãe e se lançou na chuva torrencial em direção à garrafa pet. 

A mulher já correu atrás da criança que ia atravessar a rua e,  meio que desesperada, perguntava: o que tu vai fazer nessa chuva? Não se deve atravessar a rua correndo!!! Cuidado! (etc., etc...)

E enquanto a mulher discursava e pregava, a garrafa continuava seu trajeto em direção ao bueiro, cada vez mais perto de ser engolida pela boca de lobo. E, provavelmente, depois voltar pra gente em forma de enchente. 

O menino só disse "ué, mãe... eu ia juntar a garrafa! Tu não diz que o lixo vai pro mar? "

A mulher então silenciou e os dois perderam o medo da chuva, e conseguiram alcançar a garrafinha do outro lado da rua.

Final Feliz

Jana Maria

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